TOCANDO A VIDA.
(Aymoré Alvim, ALL, AMM, APLAC).
Vou lhes contar uma história
Que a santa Bíblia nos trás
De um sujeito que um dia
Nos colocou numa fria
Foi embora e nunca mais.
Vivia o cara sozinho
Num paraíso encantado
Não caçava e nem pescava.
Pois tudo tinha ao seu lado.
Mas como todo sujeito
Só vivia insatisfeito
Dizendo que precisava
De alguém com quem morar.
Foi, então, que apareceu
Aquela bela donzela
Que logo o enfeitiçou
Decidiu ficar com ela.
Só que ela não sabia
Da tal da proibição
E, assim, começou logo
Seu jogo de sedução.
Com toda a graça que tinha
Aquela mulher faceira
Chegou bem perto do cabra
A maçã lhe oferecera
“Não posso comer maçã”
Mas ela não entendeu
E aí não resistindo
Pegou a maçã e comeu.
Foi aí que percebeu
Tudo que havia feito
Pois ia perder tudinho
Que lhe era por direito.
Para se justificar
Disse que nada sabia
E que foi a companheira
Que o meteu nessa fria.
“ Eu não. Foi aquela cobra,
Que mandou te oferecer.
Não sabias que essa fruta
Tu não podias comer?
Comeste porque quiseste
Não vem querer me culpar
Não tenho nada com isso
Podias te controlar”.
Perderam tudo. Coitados!
Agora vão trabalhar
Pra conseguir tudo aquilo
Que desfrutavam por lá.
Pior que tudo é saber
Que não ficou só para eles
Sobrou também para nós
Como descendentes deles.
Agora, não adianta
Querer vir pedir perdão.
O estrago já foi feito
Bastava dizer um não.
Que mais podemos fazer
Agora é tocar a vida
Com essa herança maldita
Do safado do Adão.
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P.S. Fonte da fotografia do médico - poeta, Aymoré Alvim: arquivo da Universidade Federal do Maranhão, da qual é Professor Emérito.
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