JUNHO: INTERCORRÊNCIA CULTURAL

INTERCORRÊNCIA CULTURAL
(Aderaldo dos Santos Alves, APLAC) 

Junho é um mês que, para os brasileiros, se destaca dos demais por apresentar a diversidade e a beleza das nossas manifestações culturais, de norte a sul, de leste a oeste, sem esquecer o centro.

Enquanto cada região do país tenha a sua manifestação cultural típica, característica da sensibilidade das variadas raças e povos que compõem cada uma, em junho há uma integração dessas culturas nas festas juninas, realizadas em todo o país, isto é, verdadeira intercorrência cultural.

A pacífica convivência entre as várias culturas reflete a real convivência pacífica entre as várias raças, vertentes formadoras da nossa mulatice, cheia de dengos e sempre festiva, ao redor das fogueiras e nas rodas de samba, nos embalos do reggae, tão aclimatado nas plagas ludovicenses, quiçá, em placas timbiras, sem esquecer naturalmente no batuque dos tambores, ao qual não resiste a sensibilidade do povo.

Junho, portanto, expressa a força da nossa cultura popular, manifesta a alma do povo e comprova a unidade na diversidade, uma integração cultural, autêntica intercorrência cultural.

Somos um país de dimensões continentais, com diversidades que bem caracterizam cada região, mas também com muitos elementos que nos unem, dentre os quais certamente as manifestações culturais próprias do mês de junho, que tão bem expressam a criatividade e a alegria da nossa gente e que são passadas de geração a geração, conservando a sua beleza, sem deixar-se toldar por influências externas que possam descaracterizá-las.

No Maranhão, de formação afro-católica e indígena, as festas juninas trazem para os participantes a companhia de Santo Antônio, São João, São Pedro e São Marçal, santos alegres, santos festeiros, irmanados ao povo. Estão no céu, mas também na terra, tanto nos momentos difíceis quanto nos momentos de alegria.

Os santos continuam gente, participando da vida do povo, numa síntese do sagrado com o profano. E por isso que os bois só iniciam suas temporadas festivas após serem batizados, em honra de São João; e as encerram, com grandiosa concentração e celebração festiva em São Luís, na Igreja de São Pedro, donde saem os batalhões para o grande desfile, diante do Quartel do Exército, em honra de São Marçal, soldado romano. Santo Antônio, por sua identificação com o povo, e ser festejado em junho, é incluído entre os santos reverenciados na cultura popular e nas festas juninas. Por conta da situação pandêmica, fomos privados desses festejos e folguedos

Junho, portanto, expressa a força da nossa cultura popular, manifesta a alma do povo e comprova a unidade na diversidade, a interculturalidade, a intercorrência cultural.

E que os santos a quem o povo tem tanta estima – Santo Antônio, São João, São Pedro e São Marçal – ajudem a esse mesmo povo a continuar criativo e alegre, sedimentando sempre mais a intercorrência cultural, a interculturalidade manifestada nas festas juninas.

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