Lourival de Castro Gomes, que hoje completaria 100 anos, viveu 92 alegres anos. Foi professor universitário e agente do controle de endemias, além de profundo conhecedor de parasitologia e análises laboratoriais. Mas, a seriedade que o trabalho que desempenhava exigia nunca tolheu sua veia artística, seu humor singular cheio de zangas, rigores e picardias.
Quem faz da vida uma filosofia alegre, não se sujeita aos domínios da morte e do adjetivo triste que a acompanha. Porque a vida é um caminhar rumo ao insondável, a alegria (intangível na essencia) é um passaporte já neste plano, ao insondável que rebenta num sorriso qual olho d'água em meio a pedras.
Quando alguém alegre parte deste mundo, é inevitável num primeiro momento a tristeza, mas a saudade é taumaturga e quando dá as mãos ao tempo, adoça a vida com lembranças boas que inspiram alegrias, pela recordação do que foi bom e que por ser inesquecível, pode não ser tangível, mas habitando o intangível (de onde brota a alegria), será sempre presente.
O homem é o resultado do que aspira e acredita. A mensuração desse resultado impacta e define as reações que constroem o cotidiano e o viver. 100 primaveras de um homem alegre, responsável, rígido, espirituoso, autêntico em suas convicções e excêntrico na criatividade aguda e aguçada.
Uma erudição simples de quem viveu e fez história, voou como os pássaros e enfrentou todas as curuacangas de seu tempo. Assim era seu Lola, a quem no silêncio das flores, hoje deixadas em sei tumulo, como um delicado parabéns e expressão da risonha gratidão, por todo legado deixado.
Dizia Francisco de Assis: onde houver tristeza que eu leve alegria. Não sabemos se Lourival admirava Francisco de Assis, mas com sua vida deu vida ao pensamento do Santo de Assis. Uma alegria que vinha de dentro, se estampava no colorido de suas camisas e trajes elegantes até se materializar em suas produções artísticas. Uma alegria que ultrapassa a vida e a morte, eterniza sua memória.
Viver é uma opção, a forma de viver pressupoe outra que perpassa uma escolha adjetiva, cuja constância dá significado e significância, além de potencializar o viver no tempo e na qualidade. Disto decorre a alegria no viver e do biver, quase sempre um penhor de longebidade.
Alegria é um elixir contra todos os males. Eis a lição que fica do transcurso do centenário de seu Lola, o alegre Lourival.
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