O TEATRO NO AMBIENTE CULTURAL DE PINHEIRO.
AYMORÉ ALVIM, APLAC, AMM, ALL.
Desde o início do Movimento Cultural de 1920, Pinheiro passou por uma série de transformações, principalmente, no seu ambiente artístico-cultural.
Foram criados a Loja Maçônica Renascimento de Pinheiro, o Jornal Cidade de Pinheiro, a Biblioteca Popular, o jornal A Vanguarda, os teatros Guarany, Santo Inácio e São José, o Rádio Clube Pinheirense, o Cassino Pinheirense, o Salão do Cinema além de cursos de primeiro e segundo graus. Não podemos esquecer, contudo, a fundação de times de futebol, o esporte preferido por
todos, times de Voleibol e Basquetebol. O bumba-meu-boi, reisados, festa do Divino, tambor de crioula e pastorais eram manifestações que já existiam antes de 1920, mas que receberam incentivos e ainda fazem parte do Calendário turístico-cultural do município. O importante desse Movimento foi que, ao mesmo tempo, se preocupou em atender os diferentes segmentos sociais da cidade recém-criada e preservar essa riqueza já existente.
De todas essas atividades, destacamos o teatro como instrumento importante, no campo educacional, pois amplia o conhecimento e ajuda na formação da cidadania pela contribuição que dá, principalmente, às crianças e aos jovens para o seu desenvolvimento intelectual e expressão dos seus sentimentos e emoções.
A primeira casa dessa arte milenar, em Pinheiro, antecedeu o movimento de 1920. Na segunda metade da década de 1910, José Cruz Lima e esposa, dona Santa, criaram o “Recreio de Maria”, um salão, na própria residência, onde eram apresentados dramas, comédias, pastorais por crianças e jovens de ambos os sexos.
Mas foi a partir do Movimento Cultural que as atividades teatrais foram consolidadas. Foi criado o Teatro Guarany, instalado, na Rua Siqueira Campos, em frente ao atual Patronato São Tarcísio. Na sua inauguração, em 22 de janeiro de 1922, foi levado ao palco o drama bíblico Esther, dirigido pela professora Raimunda Nogueira. Do elenco participaram as senhoritas Naíza Sousa, Zirza Jinkings, Inah Guterres, Rosalina Castro, Alice Guterres Sousa e Inez Frazão. Em maio desse mesmo ano, o Teatro voltou a abrir suas portas com a comédia “Chalé à beira da estrada” com interpretação a cargo dos jovens artistas: Benedito Durans, Alcides Reis, Antônio Beckman, Ulysses Durans, Cândido Castro, Antônio Durans, Ataliba Ribeiro, Paulo Soares e os cantores de fados e sambas Alice e Waldemir Guterres Soares.
Com o desaparecimento do Teatro Guarany surgiu o Teatro Santo Inácio, fundado, em 25 de março de 1925, cuja sede ficava, na atual Avenida Getúlio Vargas, onde se encontra o Armazém Paraíba.
Coronel Libório foi a peça inaugural. Era uma comédia escrita, produzida e dirigida por Waldemir Soares que, também, atuava como ator juntamente com o seu grupo formado pelos jovens: Benedito, Antônio e Ulysses Durans, Paulo Castro, Raimundo Soares, Vicente Costa, Odim e Ernani Leite e Carlos Pimenta.
Outras iniciativas que ocorreram, na segunda metade dessa década, foram promovidas por dona Izabel Fialho Felix com o apoio do pároco, padre Severo, por dona Fausta Abrão e pela Sociedade Cívico-Teatral Pinheirense, fundada em 1925. Tudo isso reflete a boa atmosfera criada pelas artes que envolvia o povo de Pinheiro.
A década de 1930 foi, também, muito fecunda em artes, educação e cultura. No local onde está, atualmente, o Grupo Escolar Odorico Mendes, na Praça da República, foi instalada, em 1933, a primeira sala de cinema pela Empresa Felix & Frutuoso.
Com o desaparecimento do Cassino Pinheirense, um grupo de cidadãos, tendo à frente Dr. Antenor Abreu e Izidoro Pereira, criou, no local onde funciona o atual Forum, o Clube Recreativo Pinheirense que além das festas que oferecia, abriu espaço para o teatro. Lá foram representadas pastorais e comédias de cujo elenco participaram várias senhoritas da sociedade local como Alcinda e Lucinda Gomes, Inez de Castro, Maria Rosa Serra, Fausta Gomes, Nice Peixoto, Ondina Castro e outras. Na área de esportes, apoiou as primeiras iniciativas de criação de times de basquete e volley-ball para os quais chegou a construir quadras, nas suas dependências.
Com a segunda guerra mundial, houve uma parada do movimento que só retornou, em fins da década de 1940, com os trabalhos realizados pela professora Olga Leitão, no Grupo Escolar Elizabetho Carvalho, que funcionava na atual Avenida Presidente Dutra onde se encontra um Templo Evangélico. Nos anos de 1950 e 1960, as atividades teatrais prosseguiram, no Colégio Pinheirense cujas peças eram dirigidas pela Sra. Maria Ewerton dos Santos, no teatro da Casa de Paulo de Tarso sob a direção da Sra. Benedita Castro e pelos estudantes quando em férias que eram dirigidos pelo padre Luís Zechinatto.
Estas reminiscências devem servir de estímulo aos agentes públicos e educadores de Pinheiro, para que dêem prosseguimento ao teatro local pela importância que tem, no desenvolvimento e na formação cultural e artística da criança e do jovem, em face do exemplo que nos foi legado pelos nossos antepassados.
Comentários