UMA HISTÓRIA SINGULAR




UMA HISTÓRIA SINGULAR.
(Aymoré Alvim, APLAC, AMM, ALL.)

Pinheiro festeja, solenemente, neste 3 de setembro de 2021, 165 anos da ascensão do Lugar do Pinheiro, marco inicial da cidade, à categoria de Vila com a denominação de Vila de Santo Inácio do Pinheiro. Adquiriu, assim, a sua emancipação política e autonomia administrativa.


Não foi fácil. A luta foi árdua, travada, nessa época, entre os políticos locais com o apoio dos de Alcântara contra os de Guimarães a cuja Vila pertencia o Lugar do Pinheiro.


Essa pequena povoação, que desde cedo recebeu a denominação de Lugar do Pinheiro, foi fundada em 1806 pelo Capitão Inácio José Pinheiro, Capitão-Mor da Vila de Alcântara, e, logo depois, doada pelo Governador do Estado, a título de Sesmaria, aos índios que vagavam pelos campos do Pericumã como um recurso para dirimir as contendas que vinham ocorrendo entre eles e posseiros que viviam na Região.


Localizado numa ponta de terra que avança em direção nordeste pelos campos do Pericumã, a localidade passou, aproximadamente, 26 anos para ser transformada em uma pequena povoação de 400 almas formada pelos índios e por pessoas vindas de Alcântara e Guimarães para ganhar a vida.


A partir de então, com a implantação de engenhos e o cultivo da cana-de-açúcar, a pequena povoação começou a se desenvolver. Por volta de 1840 já possuía um bom comércio e boa produção de açúcar, cachaça e cereais além de um considerável plantel de gado vacum criado de forma extensiva, nos campos que contornam o Lugar.


No início dessa década, já contando com um bom desenvolvimento econômico, casas cobertas de telhas e um Juizado de Paz, seus moradores entenderam que já era hora de pensar em sua autonomia política, elegendo seus vereadores e dirigindo os seus próprios destinos, mas encontrou, na Assembleia Provincial, forte resistência da representação da Vila de Guimarães ao desmembramento do seu território.


Desde 1833, quando o povoado começou a participar das eleições paroquiais, já mostrava um certo viés oposicionista que passou a ser tomado como provocação pelos políticos de Guimarães, comandados pelo deputado provincial da ala governista, Torquato Coelho de Sousa juntamente com seu cunhado, deputado Francisco Sotero dos Reis e Manoel Gomes da Silva Belfort aliados a outros deputados governistas de forte influência, na Assembleia. Além do mais, era bastante conhecida a ligação partidária entre os políticos locais com os da oposição da bancada alcantarense.


Várias foram as manobras urdidas para evitar a sua emancipação, até que, esgotadas todas as tentativas possíveis, foi por fim sancionada, em 3 de setembro de 1856, a Lei Provincial No. 439 pelo então Presidente da Província do Maranhão, o Sr. Antônio Cândido da Cruz Machado, Oficial da Imperial Ordem da Rosa e Deputado à Assembleia Geral Legislativa pela Província de Minas Gerais.


A partir dessa data, a maior do nosso calendário cívico que ora comemoramos, a vila de Santo Inácio do Pinheiro prosseguiu na sua senda progressista, perseguindo sempre um futuro onde se concretizassem os sonhos de muita prosperidade almejados pelo seu povo.


Não podemos, contudo, nesta data, deixar de reverenciar a memória daqueles moradores cujo esforço e grande liderança, como Agostinho Raimundo dos Reis, José Estanisláo Lobato, José Assenço Costa Ferreira, João dos Santos Durães, José Bento Caldas, José Caetano de Sá, Miguel Arcanjo dos Reis, Theófilo Diniz Ferreira de Castro, Mariano Antônio Martins Costa e muitos outros que, contando com o apoio de próceres alcantarenses e de outros membros da Assembleia Provincial, conduziram com êxito tal empreitada.


Chegou, então, a hora tão esperada. A instalação da Câmara de vereadores para garantir a autonomia política e administrativa da recém-criada vila. Novas dificuldades com os políticos de Guimarães. Foi preciso a interferência do Presidente da Província para que os livros, atas eleitorais, relação de eleitores e outros documentos fossem por fim liberados e enviados para que as eleições fossem procedidas. Realizadas, então, a Câmara da Vila de Santo Inácio do Pinheiro foi instalada, em 26 de fevereiro de 1861, sendo o seu primeiro presidente o major José Bento Caldas. ( Doc. Câmara de Pinheiro – Arq. Pub.Est.). 

E foi assim que Pinheiro alcançou o status de vila. A partir dessemomento histórico até o atual, passaram a competir às gerações que sucederam a realização dos sonhos dos nossos ancestrais, o desenvolvimento da nossa terra de forma a deixa-la sempre acolhedora, desenvolvida, pronta a dar o melhor às gerações vindouras.


É isso que temos feito?

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